Recentemente, muitos ouviram falar desse vírus em surto na região da Índia quando houve seis casos e dois óbitos registrados. A infecção de humanos pelo vírus Nipah é uma zoonose emergente transmitida para os seres humanos principalmente a partir de morcegos frugívoros e causa sintomas respiratórios e neurológicos.
Os cuidados de suporte são a base do tratamento pois nenhuma terapia antiviral provou ser eficaz e apresenta uma taxa de letalidade da infecção de aproximadamente 70%!
A epidemiologia da doença causada por esse vírus nos indica surtos em vários países do Sudeste Asiático e do Pacífico Ocidental, entre eles Malásia, Cingapura, Filipinas, Índia e Bangladesh. No Brasil, ainda não há registro de casos de infecção pelo vírus Nipah em humanos. No entanto, é importante que os médicos brasileiros estejam cientes dessa infecção, devido ao seu potencial de disseminação global e à crescente frequência de viagens internacionais.
Transmissão e risco de expansão no mundo
Como dito, esse vírus em geral é transmitido a partir do contato com saliva e outros fluidos de um morcego frugívoro específico.
A transmissão entre pessoas pode ocorrer entre familiares de alguém contaminado ou com profissionais de saúde. Existe a possibilidade de aumento de transmissão entre humanos, mas em geral o reservatório animal é restrito a esses animais e nas regiões de migração ou criação desses animais reservatórios.
O fato dos principais hospedeiros conhecidos do vírus, estarem mais concentrados no Sudeste asiático é um elemento determinante de provável contenção da epidemia, além da fraca transmissão humana e a associação específica com essas espécies. Mas numa zoonose viral a simples migração e adaptação para outras espécies, o chamado spillover, ou transbordamento, pode produzir uma mudança no cenário epidemiológico. Vide o que ocorreu com o Coronavírus.
Há motivo para preocupação com uma nova pandemia?
Não vejo como um risco alto de uma nova epidemia. Acredito que seja um risco pequeno de ter caráter epidêmico e menos ainda pandêmico. Esse último surto foi o quarto surto na mesma região.
Além disso com uma alta letalidade a tendência é a disseminação viral ser restrita, algo muito semelhante ao que ocorre com o vírus ebola na África.
O importante é que medidas efetivas de rastreamento e controle pelas autoridades locais, evitando por exemplo o deslocamento de possíveis doentes para regiões diferentes ocorra.
Mas para esse caso ocorrer, provavelmente o contato e a proximidade entre os humanos e os morcegos deva ser mais intensa e persistente.
Covid Longa
Apesar que desde maio de 2023, o Comitê de Emergência de a OMS recomendou que a Covid-19 não deveria mais ser categorizada como Emergencia de Saúde Pública, ela ainda é considerada uma ameaça à saúde global.
Vários estudos começaram a reconhecer e compreender que consequências crônicas podem ocorrer em uma proporção significativa de pessoas, levando a diversas manifestações e afetando diferentes sistemas e órgãos após a fase aguda da doença. Lembro que essas consequências crônicas também foram observadas em outros vírus emergentes e doenças infecciosas reemergentes, como chikungunya, zika, ebola e até dengue.
Estima-se que a Covid-19 longa ocorra de 40% a 80% dos pacientes que desenvolvem uma infecção aguda. No entanto, os estudos disponíveis sobre a síndrome da Covid-19 longa são altamente heterogêneos. Se considera que entre 325 milhões e 600 milhões de pessoas provavelmente viveriam com Covid-19 de longa duração.
Assim, um aspecto fundamental é avaliar a evolução e fazer o acompanhamento adequado desses pacientes com Covid-19 de longa duração. Para isso precisamos mais centros de assistência com esse olhar e estudos locais que mostrem a repercussão clinico e social desse agravo.
Censo 2022 sobre o envelhecimento populacional no Brasil
Na próxima coluna quero comentar mais sobre dados do último censo demográfico brasileiro do IBGE e o envelhecimento da população brasileira. Você sabe qual Estado brasileiro com o maior número de centenários?